Quão bom seria se todos os casais tivessem
Paz.
A paz tão sonhada da mulher, do homem,
de quem ama.
A paz do amor livre,
regada em doses de compreensão e entrega.
Duas partes a formar um todo.
A taça repleta de vinho
a adocicar o paladar
no estalar da língua
e no gotejar das minas do pensamento.
Nascente inesgotável de água para a vida.
Água virgem
Véo natural do tempo
Sangue do mundo
A escorrer pela terra e para a terra
Clara e transparente como o amor.
O amor
Esse pode tudo
E é por ele que se vive
Se justifica por si só
Se qualifica por só ser
Sem acessórios, sem adereços
Sem complementos, sem endereço.
O amor só pelo amor
Completo em si
Transcendente, sem materialismos
Espírito de luz e cor
Alma e corpo em luta de amar.
Um sonhar de dois
Olhos falando segredos
Gestos dissimulados,
a dizer tudo
sem pronunciar palavra.
O amor tudo entende
Sua chama nunca apaga
Também nunca queima
Nem dói.
Dói. Mais sem doer.
É como disse o poeta:
AMOR.... é fogo que arde sem se ver
é ferida que dói e não se sente
é um contentamento descontente
é dor que desatina sem doer.
Parafraseando o poeta:
O AMOR... se auto flagela
se auto ajuda
por si só se cura
se vencido, é vencedor
se no abismo, o mesmo amor
pelo amor, sobe às alturas.
E enquanto não chega o imprevisível
tempo
de partir para o inevitável,
a vida segue.
Dos dois se fará um
Nesse universo de sol e mar.
A base será sempre o amor
Cumplicidade sem culpa
Realidade em cor de criança
Beijo de pétalas a bafejar o espírito
pelo espírito.
A carne queimando em desejo
Também é amor
Ardente
Na química do dois em um.
E o um só tornará em dois
Quando vencida a fronteira do desconhecido
Em busca dos jardins dos céus
Na eternidade do tempo sem horas.
É o novo tempo
A continuidade desconhecida da existência
A nova vida
Do divino amor.
Para trás, tudo
Menos o amor
Está no ser
E o ser é o espírito
E é tudo o que resta
O espírito que é amor
O amor que é espírito.
Roberval Paulo
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