Não sei em que dia me encontro ou em qual noite descanso. Tudo é como as
águas de um rio que descem cautelosas e caudalosas e nada as detém.
Sou feito o sol escondendo-se da chuva e só voltando quando esta já se
despediu.
Fugir da vida não posso. O chão que me espreita é paciente pois tem em
si a certeza que me terá um dia.
Não fujo do encontro, só retardo o que certo é. Ela vejo em sonho e seus
cabelos e olhar me dizem amar.
Fecho os olhos e sua visão faz-se mais nítida. Estamos do lado oposto da
hora.
O sonho não se materializa e a vida caminha na direção do que inexiste
como um trem desgovernado e sem direção, buscando descarrilar-se na curva de
acesso ao que se convencionou futuro.
Que futuro é esse, não sei, mas sei que é ele que devo alvejar
com minha flecha de sonhos;
meu tiro de esperança;
meu sangue incolor;
meus dias sem dor;
minha alma que ainda vive;
meu corpo que é sobra.
Meus dias que ficaram no retrovisor da lembrança.
Um espelho que se quebrou quando a luz, em luz, se foi a apagar.
Meu esperar que vai se subtraindo pelos dias vividos, mas que traz a
lume, dia após dia, a clarividência da verdade maior do nosso existir que ainda
desconheço, mas que a experiência e a estrada me faz acreditar como sendo a
única luz capaz de tornar real e plausível a sua estadia aqui, fazendo-a de
fato valer a pena, não sendo a alma pequena.
Roberval Paulo
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