sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

POEIRA DAS ESTRELAS - Roberval Paulo

Por favor, não me falem de moral
Nem de sol ou de sal, nem do bem ou do mal
Não me venham querer recriar a criação
Tudo o que é, é o que sempre foi
E o que será, será, mesmo que não venha a eternidade

Não me venham deslizando em seus falsos moralismos
Não me venham destilando heresias
A sociedade não é e nunca foi diferente
A hipocrisia sempre se pôs na vanguarda dos comportamentos
E a virtude do ser, em mesma forma, nunca foi do ser
e sim das circunstâncias
Alteram-se crenças e valores, Divindades e potestades,
e o fundamento normatizador é a conveniência

Diga-me com quem andas e eu lhe direi quem és!
Diga-me o que queres e eu lhe direi qualquer coisa!
E tu já não mais serás o todo que lhe envolvia
Serás, em parte, a influência das palavras proferidas e absorvidas

Tudo se altera e se alterna, mas, inexoravelmente,
Tudo permanece igual
O homem, todavia, claro e obscuro,
Percorre a esteira da história
Sendo o lobo do próprio homem

O átomo está em mim, em ti e está no oceano
Está em tudo o que vive ou morre
Está no físico ou no imaterial
No todo do qual sou parte e encarte
Sou pó de estrelas, se é que queres saber um pouco de mim

A realidade me custa tão caro que às vezes até sonho
Sonho com o mágico, o insondável, a alquimia
Em ouro quero o meu ser, minhas ações, meu existir
O ouro espiritual que fundamenta o universo
O inverso na tez do verso que o poeta sangrou

Portanto, não me venham pregar especulações
Sou elétrons e prótons protestando aos nêutrons
Sou átomo, natureza e universo
Indizível e invisível...indivisível
A força do natural que decifra pensamento

Sou fundamento da alma
A materialidade do espírito
A natureza do físico
A razão maior do ser e existir
O ser e o ter em eterno conflito
Sem compreender o porquê de estar aqui.

Roberval Paulo

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