Da série FILOSOFIAS DA PEDRA - Autor: Roberval Paulo
A
pedra despida
De
todo olhar
Ali
estendida
Deitada
na rua
Era
só uma pedra
Sem
sonhos, sem nada
Somente
uma pedra
Matéria
pura
A
pedra de pedra
Dura
mais que o dia
Fosse
ela, a pedra
De
mais nobre matéria
Duraria
até mais
Que
a matéria vida
A
vida matéria
De
pedra não é
Mas
em natureza
São
mais que irmãs
Pois
que seus destinos
Em
terra se encerram
E
a terra mãe
Mais
mãe do que terra
Acolhe
a todos
De
gente que é gente
A
gente que é pedra
Mas
não pedra que é gente
Pois
com pedra é diferente
Pedra
se mantém
Tal
qual como começou
Até
me parece
Que
sabe mais de amor
A
pedra despida
De
todo e qualquer olhar
Ali
me olhando
Eu
a lhe olhar
Ela
nada diz
E
me diz tanto e tanto
Que
eu até me espanto
De
tanto escutar
E
lá me vou eu agora
Sendo
a pedra da história
Ela
não procura a glória
Mas
a tem sem procurar
Por
simplesmente existir
Por
receber sol e chuva
Por
se entender como é
Sua
natureza de pedra
Seu
jeito, sua estranheza
Sendo
pedra, ou sendo deusa
Não
exprime um reclamar
Despeço-me
envergonhado
Deixo
a pedra ali do lado
Na
rua, no campo ou canto
Para
ela tanto faz
Vou
ao sol que encurta os dias
De
um estradar renovado
No
caminho tinha uma pedra
Tinha
uma pedra no caminho
Tropecei
no meu destino
A
pedra me despertou
Sem
nada dizer de amor
De
amor fez seu legado.
Roberval Paulo