sábado, 22 de janeiro de 2011

MONÓLOGO DE DOIS


MINHA HISTÓRIA DE NÓS DOIS
                                               E as flores sangravam...

A casa
A porta
Tu, lá dentro!
Eu, cá fora!
Diálogo suspeito
Olhadelas pros lados
Inquietos
Sentíamos-nos mal.

Eu queria entrar
Ah! Como eu queria
Tu querias que eu entrasse
Mas, as circunstâncias!
As circunstâncias não permitiam
Acima de tudo
A honra
A dignidade
Nos amávamos
Desde longínquos tempos
Tudo contra
Todos contra
O mundo contra
Amor proibido.

Coisas do destino
Casastes com outro
Imposição da vida
Na vida de outros
Muitos felizes
Tu, infeliz
Eu, infeliz
José feliz
Teu marido
Só felicidade
Casou com quem bem quis.

A casa
A porta
Tu, de dentro
Eu, de fora
Fim de um sonhar
– Já é hora!
Desejos suprimidos
Palavras entrecortadas
Destino ingrato
– Vou-me embora!
Tinha que ir
Não conseguia arredar pé
Força estranha me prendia
Misteriosa
Superior à minha deliberação.

De lá, tu olhavas
Um que de tristeza
Desfilava em teu rosto
Olhos nos olhos
Lamentávamos
Tão mesquinha sorte
Tão malfadado desfecho.

Precisavas entrar
Tu tinhas que entrar
A razão dizia
Não pegava bem
Mulher casada
A esta hora, na porta
De conversê com homem
As más línguas
Deus que me livre
O pudor
Nossos princípios
Nossos valores
Nosso caráter em cheque
Nossa honra
Tínhamos honra
E quanta honra
Não fosse essa tal... já via
Mas, precisava ser assim
Difícil sufocar
Tão nobre sentimento
Tão verdadeiro amor
Tão gostoso estar junto.

– Adeus!
– Adeus!
– Preciso ir
– Ainda é cedo
Frases secas
Ditas com tanta dor
Impossível doer tanto
Mas doía
Mais que ferida de faca
Mais que atropelamento de alma
Ainda mais que ingratidão de filho.

– É tarde
– Ih! Preciso entrar
– Ah, sim! Agora eu vou
– Afazeres domésticos, sabe como é
– Até uma próxima
– Não deve haver próxima
– Eu sei. Sofrimento demais
– É. Não dá pra agüentar
– Melhor não seria a morte?
–Morrer não mata tanto amor
Lágrimas
De dentro e de fora
Da porta
Da casa.

– Vou-me embora
– Tá
– Não volto
– Não volte
– E esse tanto amor?
– Amaremos sempre. Distantes
– E felicidade?
– Não a teremos
– Eu vou
– Vai, pelo amor de Deus
– Adeus!
– Adeus!

Tarde demais
José chegava
Cumprimentos
Frios e distantes
Pegos de surpresa
Nas confidências do amor
Difícil disfarçar
Coração é coração.
– Como vai José? Eu já estava de saída
– É, ele já estava saindo. Tenho que olhar o feijão.

José estava sizudo
Já desconfiava
Do sentimento existente
Sim, pois outra coisa não havia
Tínhamos nossos valores
Traição, nunca
Não estava em nós
Trairíamos o próprio coração
Sofreríamos calados
Para todo o sempre
Sufocando à força
De lágrimas ocultas
Esse amor proibido
Pela conveniência
Contra os interesses
Da fina flor
Da raça humana.

José sofria
Não de amor como nós
Da falta de amor
Do amar sem ser amado.
Olhares frios
O amar demais, proibido,
sem ser
O não amar, sendo
Desencadeou tudo
Discussão
Acusações
Explicações
Tudo fora de controle
Coisas de sentimento
Gritos!
Gritos de José
Gritou comigo
– Tudo bem. Vou-me embora
– Adeus!
Gritou contigo
Me doeu
Te acusou do que não fez
Me feriu fundo
Bem além do sentimento de corpo
Ainda além do sentimento de alma
Num sentimento que eu não sabia existir
Tão distante está deste mundo
Era o nosso sentimento
Nosso amor era assim
Transcendia
Ia além do extremo
Tão maior
Tão superior
Que não era possível em terra
Não podia ser maculado.

Acusações levianas
Infundadas
Revestidas de ciúme
Desprovidas de razão
Revidei à ofensa que sofrestes
sem merecer
Chamei-o às falas
Não se conteve
Sacou da arma
Em defesa, atirei
Um tiro só
José, morto.
Sem alternativas, fugi
Vida de fugitivo é barra
Nessas circunstâncias
Cadeia é pior
Você, ali
Desamparada
Ficastes só.

Nunca voltei
Sei que nunca casastes
Leva flores a José
Não por amor
Sente-se culpada
Não tens culpa
Não temos culpa
Aconteceu
Lamentável, não devia
Mas aconteceu
Pelo amor proibido
Promovido por aqueles
Que não se permitem
Simplesmente amar
Que não se permitem
O amor só pelo amor.

Somos assim
Amamos o amor só pelo amor
Amor impossível
Nesse mundo tão materialista
Amaremos sempre
Eu sei. Tu sabes.
Até que dure a eternidade
Mas, pelas circunstâncias
Separados estamos
E assim, haveremos de estar
Separados.
Amor tão grande assim
Não se permite em terra
Nessa vida de carne
Simplória vida de carne e lama.

Nos encontraremos em um outro mundo
– Para amor total!
– Para amor total!
– O amor só pelo amor
– O amor só pelo amor
– Assim, como te amo
– Assim, como te amo
– Adeus!
– Adeus!

Autor: Roberval Paulo

O PREÇO DA LIBERDADE – 1954/1961


Agosto. 24 de agosto de 1954. Carta testamento de Getúlio Vargas. Tento imaginar a aflição e o estado psicológico de razão ferida do Presidente ao escrever na primeira linha da sua carta testamento destinada à Nação. “Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim.” Explica todo o ocorrido, todas as situações e emoções vividas, sentidas e sofridas e finaliza: “...saio da vida para entrar na história.”

Com o suicídio de Getúlio Vargas, a nação brasileira entra em comoção. O Presidente tido como o pai dos pobres deixa de existir. O seu suicídio abre uma lacuna no poder e, por consequência, na herança política.

Os dois maiores partidos de oposição na época (PSD e UDN), costuram uma aliança para substitui-lo, tentando uma candidatura única de união nacional capaz de unir a direita e o centro, evitando assim uma outra candidatura radical no estilo getulista.

Esta aliança não se concretiza e em 10 de fevereiro de 1955, o PSD homologa o nome de Juscelino Kubitschek como candidato à Presidência da República. Negociando uma composição de base sólida mas com a aceitação popular como tinha o PTB, partido de Vargas e que apresentava João Goulart para concorrer à Presidência, o PSD e o PTB, poucos dias depois do lançamento da candidatura de Juscelino, fecham um acordo, com João Gourlat concorrendo como Vice-Presidente, tendo ainda na composição o apoio do Partido Comunista Brasileiro.

A UDN, relegada e principal rival desta coligação, tenta de todas as formas impedir a vitória de JK-Jango, inclusive usando de meios ilícitos para lograr seu intento, porém, todo o esforço foi em vão.

Juscelino se elege em 03 de outubro de 1955, com 36% dos votos válidos contra 30% do candidato da UDN, Juarez Távora, tendo ainda Ademar de Barros (PSP) com 26 % e Plínio Salgado (PRP) com 8%.

Sendo as eleições para Presidente e Vice, à época, não vinculadas, João Goulart recebe a maior votação para vice-presidente, inclusive tendo mais votos do que Juscelino e em 31 de janeiro de 1956 toma posse ao lado do seu companheiro de chapa.

Juscelino estabelece um governo desenvolvimentista, incentivando o progresso econômico do país por meio da industrialização, com o slogan “50 anos de progresso em 05 anos de governo”.

Entre as ações mais relevantes de seu governo está o plano de metas que estabelecia 31 objetivos para serem cumpridos em seu mandato, com destaque principalmente para os setores de energia e transporte, consumindo 70% do orçamento, e ainda indústrias de base, educação e alimentação. No bojo das mudanças e transformações está uma série de outras ações e programas importantes, culminando com a criação e fundação de Brasília, inaugurada em 21 de abril de 1960 – O nascimento de um dos principais símbolos arquitetônicos do mundo, idealizado sob a batuta do renomado arquiteto Oscar Niemeyer.

É sabido que esta política desenvolvimentista de Juscelino só foi possível ser incrementada graças a duas grandes realizações do Governo de Getúlio Vargas. A criação da Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda (RJ) em 1946 e a criação da Petrobras, em 1953.

Mas a sequência de desenvolvimento econômico e social do Brasil, alavancada por Getúlio Vargas e tão bem continuada e mais incrementada por Juscelino Kubistchek estava chegando ao fim. O tão necessário progresso econômico gerou suas dívidas. O capital estrangeiro que trazia riquezas ao país era o mesmo que sangrava nossas divisas com a montanha de juros cobrados pelos empréstimos concebidos pelos Estados Unidos. Com a inflação crescendo descontroladamente e a moeda brasileira em baixa, se desvalorizando, finda-se o governo de Juscelino.

Diante deste cenário anunciado, Jânio Quadros (UDN) se elege Presidente nas eleições de 1960. Com chapa independente, dentro dos moldes da época, João Goulart (PTB) é reeleito Vice-Presidente.

Com uma política econômica e externa que desagradou políticos que o apoiavam, setores das forças armadas e outros segmentos sociais, Jânio não resiste às pressões e renuncia em 25 de agosto de 1961, sete meses depois de ter tomado posse.

É bom salientar que o enfraquecimento da base de apoio do Governo de Jânio se deu, principalmente, pela adoção de uma política austera e independente que promoveu a aproximação com os países socialistas e restabeleceu relações diplomáticas com a União Soviética (URSS), tendo Afonso Arinos no comando do Ministério das Relações Exteriores.

Instala-se uma crise institucional sem precedentes na nossa história republicana pois, a posse do Vice Jango não era aceita pelos ministros militares e pelas classes dominantes.

por Roberval Paulo




PARA IBRAHIMOVIC, RONALDO É O MAIOR DA HISTÓRIA



22/01/2011 - 13h13

Ibrahimovic diz que Ronaldo é o maior de todos, cobra Pato e ignora Inter de Leonardo

DE SÃO PAULO
O atacante sueco Zlatan Ibrahimovic, do Milan, disse que Ronaldo, atualmente no Corinthians, é o 'maior jogador da história', em entrevista à revista 'Forza Milan'.
"Na minha opinião, o maior jogador da história é o Ronaldo. Eu o vi ao vivo e joguei contra ele. É o mais completo, o que tem mais qualidade e estilo entre todos", opinou o atleta.
Ronaldo vai jogar duas partidas seguidas
Ibrahimovic também destacou que não se importa com a boa fase da rival Inter. Após a chegada do treinador brasileiro Leonardo, a equipe disputou cinco partidas e venceu todas. Atualmente, o Milan é o líder do Campeonato Italiano, com 41 pontos. A Internazionale, com 35 e um jogo a menos, está em 4º.
"Devemos estar focados apenas em nosso trabalho. Não estamos preocupados com outras equipes. Se continuarmos a fazer o nosso trabalho, seguiremos à frente e o campeonato terminará com o Milan em primeiro lugar", analisou.
O jogador falou que não há espaço para uma possível contratação de Balotelli, do Manchester City, pelo time milanista.
"Não há lugar para Balotelli. O Milan tem Ibrahimovic, Cassano, Robinho, Pato e Inzaghi, que está lesionado. Não precisamos de mais atacantes, mas esses são problemas do Galliani [vice-presidente de futebol do Milan] e do treinador [Maximiliano Allegri]".
Em contrapartida, o sueco elogiou o brasileiro Alexandre Pato, mas salientou que 'ele pode dar mais dentro de campo' e cobrou mais gols do atacante.
"Todo mundo sempre pode dar mais. Pato está de volta de uma lesão há dois meses e marcou apenas dois gols desde então. Pato é jovem, é um grande profissional, um grande talento", finalizou.

fonte: FOLHA.COM


CURIOSIDADES DA MPB

 Extraído do Site MUSICARIA BRASIL
 
Em 1980, Zé Ramalho compôs uma canção especialmente para Roberto Carlos gravar: Eternas ondas, que depois acabou sendo lançada por Fagner. "Fiz essa música já imaginando um arranjo grandioso e a voz de Roberto Carlos cantando", diz Zé Ramalho, que naquela letra relata um cenário de apocalipse com veladas referências políticas. "Quanto tempo temos antes de voltarem aquelas ondas/ que vieram como gotas em silêncio tão furioso / derrubando homens entre outros animais/ devastando a sede desses matagais..." Zé Ramalho estava confiante em que Roberto Carlos fosse gravar Eternas ondas, e quando mostrou a canção para Beto Ribeiro, na época um dos executivos da CBS, este também reagiu animado. "Zé, esta música é pra ele mesmo." Num domingo, em meados de 1980, Beto convidou Zé Ramalho para acompanhá-lo num passeio no iate de Roberto Carlos, que naquele dia recepcionava alguns executivos da gravadora. Embarcaram na marina da Glória e foram para Angra dos Reis. Durante o passeio, Zé Ramalho tocou ao violão algumas de suas canções, mas, orientado pelo próprio Beto Ribeiro, menos aquela que tinha feito para Roberto Carlos. Eternas ondas
foi entregue ao cantor numa fita cassete para que ele a ouvisse depois. Zé Ramalho aguardou a resposta dele com grande ansiedade. E esta veio alguns dias depois através de Beto Ribeiro. "Zé, o Roberto ouviu, gostou da música, mas se assustou com a letra. Ele achou a letra muito forte, carregada, com imagens de destruição e de um apocalipse, e por isso não vai gravá-la." Zé Ramalho ficou profundamente desapontado, mas, ao
relatar o episódio e mostrar a canção para Fagner, este não teve dúvida: "Zé, eu posso gravar esta música?". Lançada por Fagner em 1981, Eternas ondas foi um grande sucesso nacional. "

CURIOSIDADES DA MPB



Extraído do Site MUSICARIA BRASIL

 
O cantor e compositor Gonzaguinha não escondia uma certa admiração pelo cantor Agnaldo Timóteo, uma pessoa que, segundo Gonzaguinha, "sabe segurar a barra de viver o permitido e o não permitido". Na década de 70 os dois eram contratados da mesma gravadora (EMI) e acabaram tornando-se amigos.
Uma certa madrugada, no fim dos anos 70, Gonzaguinha ouviu o amigo Timóteo queixar-se de seus desencontros do relacionamento com Paulo Cesar Souza, o Paulinho (para quem Agnaldo Timóteo compôs A bolsa do posto três, sucesso de timóteo na decada de 70). O resultado da conversa foi a composição Grito de alerta, título sugerido pelo próprio Agnaldo Timóteo: "Primeiro você me alucina/ me entorta a cabeça/ e me bota na boca/ um gosto amargo de fel..." Gonzaguinha, entretanto, não deu exclusividade da gravação para o amigo, e Grito de alerta foi entregue também a cantora Maria Bethânia - fato que provocou o ciúme de Timóteo: "Eu fiquei pau da vida com o gonzaguinha porque aquela história era minha, eu deveria ter sido até parceiro dele na música. Eu falei: Puta que pariu, Gonzaguinha, então eu te conto uma história de minha cama e você dá a música para a Bethânia gravar!?"

ARAÚJO, Paulo Cesar de. Eu não sou cachorro não - 5 edição - Rio de janeiro: Record,2005 (Pág. 207)

JALAPÃO - UM PARAÍSO NO TOCANTINS

A pedra mais lapidada de Luiz Melodia

Início do conteúdo22 de janeiro de 2011 | 0h 00 - por Roberto Nascimento - O Estado de São Paulo


Do samba ao baião, passando pela Jovem Guarda, o jazz e o blues, o disco de estreia de Luiz Melodia é um giro moderníssimo pelos diversos estilos que formavam o espectro da MPB em 1973, um tratado que anunciou a liberdade total de expressão sem o confinamento de gêneros muito antes disso virar praxe entre artistas brasileiros. Pérola Negra, como foi batizado, chega amanhã às bancas em relançamento da Discoteca Estadão (por R$ 14,90).
O disco captura todos os elementos que figuraram na formação de um cantor e compositor de influência muitas vezes subestimada no contexto atual da música brasileira. A miscelânea tem origem no berço: filho de Osvaldo Melodia, mestre compositor do Estácio de Sá, assim como cantor, violeiro e boêmio dos bons, Luiz nasceu e passou sua infância no morro carioca, onde as melodias de seu Osvaldo e os cavacos que as adornavam providenciaram a trilha sonora de sua juventude. Luiz ouvia muito choro e samba, como era de esperar de um morador do morro, mas também muito Beatles, Roberto Carlos, Renato & Seus Blue Caps e The Foundations - o rock e o soul da época.
Na adolescência, embalava a noite carioca com seu grupo Os Instantâneos, que interpretava sucessos da Jovem Guarda e da Bossa Nova, não raro atacando alguns temas instrumentais para o povo dançar o twist, moda entre os jovens brancos de classe média. Sr. Osvaldo não gostava: Luiz era seu único filho homem e o pai sonhava em vê-lo formado na universidade. Mas o diploma veio da rua, e a colação aconteceu quando o poeta baiano Waly Salomão, em busca de composições para oferecer a Gal Costa, por conta de um espetáculo que produziria com a cantora, trombou com Luiz e ouviu a canção My Black. Aconselhado pelo poeta, Luiz mudou o nome da música para Pérola Negra e a ofereceu a Gal, que separada de Caetano e Gil pelo exílio procurava novas parcerias. Gal gravou a canção no disco Fa-Tal e lançou Luiz Melodia nacionalmente.
Portanto, choviam elogios sobre Luiz quando o cantor entrou no estúdio da Philips para dar o seu parecer em suas próprias canções. E o que sucedeu foi bem diferente do que esperavam. O negro do morro carioca, que curiosamente era compositor mas não sambista, abriu o disco de forma tradicionalíssima, com seu samba Eu Você e Eles acompanhado pelo regional de Canhoto, ases do choro carioca na época. O que sucede é o climão de Vale o Quanto Pesa, que lá pelas tantas vira samba soul, dá vez ao bolero Estácio Holly Estácio
( composto para uma namorada, mas que funciona ambiguamente como um samba tradicional, feito na veia de exaltação às escolas) e desemboca no empolgante funk soul de Pra Aquietar.
É uma vertiginosa sequência inicial que, não fosse o tenor aveludado de Luiz, altamente influenciado pelos trejeitos vocais do Rei Roberto, levaria o ouvinte a pensar que seu iPod está em modo shuffle. Eis a genialidade inclassificável de Pérola Negra. Como resumiria Waly Salomão: "um surto seminal dum novo canto do negro mulato cafuzo brasileiro internacional jovem".

por Roberto Nascimento - O Estado de S.Paulo

RIVALDO VAI JOGAR NO SÃO PAULO

Por André Plihal, blogueiro do ESPN.com.br, espn.com.br, Atualizado: 21/1/2011

Rivaldo acerta e vai jogar no São Paulo em 2011

Meia, que é presidente do Mogi Mirim e já passou por Corinthians e Palmeiras, vai defender o clube paulistano
Rivaldo acerta e vai jogar no São Paulo em 2011
André Plihal


O São Paulo terá Rivaldo, 38 anos, na temporada 2011. O acerto foi fechado nesta semana, e o contrato será assinado nos próximos dias.

Presidente do Mogi Mirim, Rivaldo anunciou no começo do ano que atuaria pelo próprio Mogi no Campeonato Paulista. No fim de semana, seu time recebeu o São Paulo na primeira rodada do campeonato e perdeu por 2 a 0.

Ao final da partida, Rivaldo visitou o vestiário, conversou e tirou fotos com o amigo Rogério Ceni, com quem foi campeão do mundo pela seleção em 2002. Aí, começaram as conversas.

Em busca de um camisa 10 - a numeração ainda está vaga e não há jogadores inscritos com a 10 do São Paulo -, o clube viu ali a possibilidade de trazer um armador para a temporada.

Nos últimos dias, a notícia do "namoro" entre Rivaldo e São Paulo vazou. Entre boatos e desinformações, a ESPN apurou hoje que o acerto entre as partes está fechado.

Rivaldo será o nono jogador da história a vestir as três camisas do "trio-de-ferro" da capital paulista - João Lanzoni Neto, Claúdio Pinho, Neto, Luizão, César Sampaio, Antônio Carlos Zago, Müller e Leandro Amaral foram os outros. Rivaldo defendeu o Corinthians entre 93 e 94 e se transferiu para o Palmeiras, onde ficou até 96.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

LISA






Lisa!
No meu beijo ela sorria
Dos meus braços não saía
E a noite adormecia
Nas asas de um sonho bom

Lisa!
Seu olhar tinha magia
Suas mãos, quanta energia
Sua boca quente, fria
Água e fogo. Rebeldia
Estampada no batom

Lisa era o som
Lisa era o tom
Lisa era o dom
de cantar
de sonhar
de sorrir

Lisa era mel
Lisa era o céu
Lisa era fel
O êxtase e o sabor
O doce amargor
No desejo de ir e vir

Lisa!
Porque que você se foi?
Deus, porque tú permitistes
Deixar partir um filho teu
Se entre todos os amores
O meu era o maior?

Ah! Lisa!
O meu mundo se perdeu
Os meus dias são qual noites
Trevas, frio, solidão
Lâmina na carne, sou eu
Na terra fria, no pó

E o vermelho tinge a alma
E um suspiro abranda a dor
Finda o som do vento, a calma
Último dia, última fala
Lisa! Não estou mais só.

Roberval Paulo

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

POLÍTICO NOVO - POLÍTICAS NOVAS

CÂMARA MUNICIPAL DE ALIANÇA DO TOCANTINS
GESTÃO 2010
Presidente: RONES FERREIRA ALVES

O Vereador RONES FERREIRA ALVES (PSDB) surpreende em sua gestão como Presidente da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Aliança, exercício de 2010.

Apesar da pouca idade e sendo este o seu primeiro mandato eletivo, vem mostrando competência e muita seriedade no comando da Câmara Municipal neste ano.

Mesmo sendo oposição ao Executivo Municipal, estabeleceu e sempre praticou uma oposição responsável, fiscalizando e cobrando do município a realização e desenvolvimento de políticas públicas que pudessem ser implantadas em benefício da coletividade ou seja, da população como um todo.

Em todas as matérias de autoria do Executivo Municipal, tem sempre atuado com responsabilidade e total imparcialidade, tendo como critério: se o projeto é importante para o município, é encaminhado a plenário e defendido a sua aprovação.

Tem contado, para esse resultado, com a parceria, cordialidade e compromisso com as questões públicas de todo o quadro de vereadores desta municipalidade que, em nenhum momento, se posicionaram contrários a qualquer matéria que objetivasse o bem comum.

Dentre os Projetos de Lei encaminhados a esta Câmara e aprovados, que são muitos, estão projetos de Reconhecimento de Necessidade Temporária de Contratação de Servidores e Projetos de solicitação de Crédito Suplementar ao Orçamento que, caso não fossem aprovados, prejudicariam e comprometeriam sobremaneira os trabalhos administrativos e as ações técnicas e econômicas do município.

Tem destaque especial a aprovação da Lei que instituiu o Plano de Carreira, Cargos e Salários da Educação Básica do Município que, após sete anos de muita luta e peregrinação e de inúmeras discussões sobre o assunto, veio contemplar e regularizar a situação de todos os professores e servidores da rede municipal de ensino.

Tem ainda especial destaque a discussão e aprovação do projeto que instituiu a Lei Geral da Microempresa, possibilitando a todos os pequenos e micro empresários da cidade e município fazerem o seu enquadramento a tempo, para não perderem os benefícios dentro do ano.

Foram aprovados ainda a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual, o Orçamento para o Exercício de 2011, sem cortes que pudessem comprometer o desenvolvimento e concretização das ações do governo municipal.

Na gestão do vereador Rones na Presidência da Câmara, foram, ao todo, apresentados, discutidos, votados e aprovados em plenário: 23 (vinte e três) Projetos de Lei do Executivo Municipal e 50 (cinqüenta) Requerimentos de autoria dos vereadores, sendo todos, após a necessária aprovação, enviados ao Executivo Municipal para as devidas sanções e providências.

Na gestão de 2010 da Câmara Municipal de Aliança do Tocantins, presidida pelo vereador Rones, o Rone do Miron, o legislativo realmente desenvolveu o seu papel de fiscalizador e cobrador das ações políticas e administrativas de responsabilidade do município bem como aprovou todas as matérias do Executivo Municipal que tinham como objetivo o atendimento às necessidades da população.  


Para a sucessão da Mesa Diretora da Câmara Municipal, foi eleito o vereador JOSÉ ALVES DE MORAIS, o popular Zé Baiano, para Presidente, que tem como lema para a sua gestão o tema: COMPROMISSO E SERIEDADE.
Os outros integrantes da Mesa Diretora para o exercício de 2011 são:
JOSÉ RODRIGUES NEIVA – Vice-Presidente
RONES FERREIRA ALVES – 1º Secretário
JOSÉ HENRIQUE DE SOUSA – 2º Secretário
ANECIR VASCONCELOS GARCIA – Tesoureiro.

Roberval Paulo




quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

ÀS VEZES É PRECISO FALAR DE AMOR

Houve uma era em que mais se sentia o amor. E nesse tempo, um homem que viveu além de tudo e de todas as coisas possíveis e impossíveis, dizia: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amo." E disse mais: "Amai ao próximo como a ti mesmo." Mas, plantar o amor é difícil; colher, muito mais difícil se faz. Ele foi perseguido, acusado, julgado e condenado e, foi morto. Seu pecado? – Falar e viver o amor.

A vida se fez diferente a partir daí. Com o seu amor infinito, libertou e salvou todas as gerações passadas, contemporâneas e futuras pelo seu sacrifício e sofrimento aos pés do calvário, sob o peso do lenho da cruz e pelo seu sangue, que alimenta todos os nossos dias. O mundo se dividiu entre antes e depois dele. A vida triunfou e venceu a morte e a fonte de água viva jorrou no seio da humanidade.

Hoje, depois de tanto tempo e situando-me dentro da realidade atual, pergunto a mim, sem poder livrar-me de uma estranha sensação de descontentamento e impotência: Nada valeu a pena? Será que tudo foi em vão? Recorro ao poeta, que em um tempo mais recente, dizia: "Tudo vale a pena se a alma não é pequena."

E assim, busco alcançar um entendimento que possa, pela força desse mesmo amor que é dele e que habita em mim, salvar-me e libertar-me das garras sangrentas do egoísmo e da ambição que, pela inconteste e maléfica influência do desejo negro do ter, instalou-se em nós e nos impede de abrir as portas para as virtudes do ser. O mundo já não canta o amor e a história continua a se fazer com sangue. No ciclo vicioso do poder, a ambição gera seus filhos, verdadeiros pais do egoísmo. A destruição é total e se demorarmos a acordar desse sono e sonho malditos, o caminho é sem volta. A natureza, agonizando, pede socorro, sem ser ouvida. Os valores éticos e morais foram-se, partiram para uma galáxia distante, expulsos pela nossa soberba e cobiça e pelo nosso desprezo e desrespeito ao semelhante. 

Só se vê descaso pelas questões sociais que afligem o planeta e aniquila milhões de semelhantes, transformando-os em bichos à procura do nada, abatidos todos os dias pelo tiro certeiro do inevitável, agindo fora do seu ciclo natural; agindo fora do seu tempo. A sociedade perece, vítima do seu próprio desamor e leva consigo a inocência que um dia foi nossa e que reinava nos recôncavos perdidos e esquecidos do limiar da existência. O caos é total e parece não ter fim. Tornar-se-a eterno como eterno foi um dia, o amor, que dorme, enfraquecido e desqualificado, no seio desumano dos humanos que somos.

É preciso acordar. O sinal de alerta já foi acionado e a luz das trevas só espera o momento para reinar sozinha, negra e sem cor e desesperançada de viver. A vida, agora, ínfima e tênue, continua a descendente escalada e, teimosa e obstinada que é, procura perenemente e incessantemente pelo amor, para ressuscita-lo. Procura incansável mas necessária. Só esta é capaz de alterar esta realidade. Vida e amor andando juntos. 

Assim, penso e ainda me sinto existir e volto a crer, depois de tantas incertezas, que a humanidade tem jeito. Mas, depende de todos nós. Vamos dar essa mãozinha. Vamos, todos nós, juntos, ressuscitar o amor e semea-lo em nosso meio e seio. E aí, cheios e repletos do amor, vamos trilhar juntos o caminho da paz, da compreensão, da igualdade e da vida digna e justa a todos, indiscriminadamente. Só o amor de tudo é capaz e é, esse amor, o dom maior. Está no ser e o ser é o espírito e é tudo o que resta. O espírito que é amor; o amor que é espírito. É isso mesmo. Sendo assim, estamos recomeçando no caminho certo. É o que sempre digo. Às vezes é preciso falar de amor.

Roberval Paulo

O SISTEMA POLÍTICO E A EVOLUÇÃO DO TER

Sucesso não é só ter dinheiro. Dinheiro é importante e necessário porque o mundo é capitalista e precisa-se dele para viver. Para saciar vontades, desejos, vaidades; para satisfazer o ego. Dinheiro não é tudo mas, é preciso tê-lo. Porém ter sucesso não é só ter dinheiro.

Ter sucesso é estar em paz consigo mesmo e estar em paz com o mundo. Ter sucesso é não perder a essência do natural. É não perder a autenticidade e não perder os valores familiares, os valores éticos e os valores morais.

Ter sucesso é se harmonizar com o mundo; se harmonizar com as coisas e se harmonizar com as pessoas.Ter sucesso é ter paz de espírito e viver harmonicamente com tudo que o cerca, situando-se passivo e serenamente no universo que o rodeia; no ambiente no qual está inserido.

Ter sucesso é poder levantar-se todo dia com a consciência em paz e, à noite, voltar para o aconchego do seu lar e dos seus aposentos, sem alterações, com essa consciência ainda em paz e poder recostar a sua cabeça no travesseiro e dormir o sono dos justos, sonhando com o outro dia que vai nascer e que você novamente vai acordar brando e sereno, para continuar essa tua nobre missão aqui debaixo do sol, nessa simplória vida; simplória vida de carne e lama.

Ter sucesso é compreender o contexto e a conjuntura da qual participa e ter voz ativa e consciência coletiva para discernir e assimilar que a estrutura é de todos e todos dela dependem e precisam e que esta relação precisa se dar da forma mais harmoniosa possível, sem elevar demais mas também sem excluir, buscando, inteligentemente, o ponto de equilíbrio necessário à sobrevivência de todos.

Precisamos nos mexer. Não sei como mas precisamos lutar contra o poder do ter em detrimento do ser. O dinheiro virou a verdade absoluta das coisas e tudo pode por ele. Tudo é permitido desde que o objetivo seja adquirir, angariar e ganhar mais e mais para acumular bens e riquezas materiais. Tudo é permitido desde que seja pelo dinheiro. Isso é triste e lamentável. Tudo por ele, nada sem ele.

Acostumamos-nos a isso e fermentamos em nós a insensatez, a indiferença e impotência diante da situação.

É impressionante como “cidadãos” que outrora protagonizaram grandes escândalos financeiros em que comprovadamente foram culpados; que se apoderaram do alheio, do bem público; que praticaram o tão falado tráfico de influência; que roubaram, saquearam cofres públicos, desviaram verbas; subtraíram, ludibriaram, enganaram e, hoje, posam de bom moço e são, em muitos casos, pessoas ilustres e notáveis para o país e são admirados por todos. Tiveram problemas com a justiça, se defenderam e saíram impunes e, por terem dinheiro, participam como ilustres da “alta e podre” sociedade.

O dinheiro compra a imagem. O dinheiro compra a índole das pessoas, a integridade moral. O dinheiro trás status, poder e notoriedade e transforma o seu detentor em celebridade, mesmo que sua origem seja duvidosa ou que seja resultado do crime. Não importa de onde venha, desde que se tenha em grande quantidade, em abundância. O sujeito rouba e rouba, vira milionário e todos sabem disso e, depois, ele cria uma fundação, uma ONG, uma associação e vai lavar – dar status de legal ao que é ilegal - todo o dinheiro roubado.

Mas a nossa mídia sensacionalista e interesseira e altamente capitalista e ainda, totalmente imediatista, prega que este é um cidadão de bem e que está preocupado com a situação social do país, transformando-o em exemplo de honradez e solidariedade. Passam todos a admira-lo, mesmo conhecendo o seu passado. É o império da hipocrisia.

Ressalto sempre que o dinheiro é importante e é necessário tê-lo, pois é com ele que compramos a nossa casa, o nosso carro, a faculdade do nosso filho. É ele que nos permite desfrutar de tanta coisa boa que a vida oferece, satisfazendo e massageando o nosso ego e vaidade. Mas, o que refuto é que o TER não pode sobrepor-se ao SER.

Observem quanto caótica é a nossa realidade. Não existe, em nosso país, nenhum outro segmento que, num intervalo de tempo bem pequeno, promova mais o enriquecimento ilícito de pessoas do que o sistema político. O sujeito vira prefeito, deputado estadual e quando chega a deputado federal, já está milionário. Não tem, para isso, uma explicação lógica, pois, somando-se todas as rendas e subsídios recebidos oficialmente, revela-se uma discrepância e incompatibilidade enormes em relação ao patrimônio adquirido.

Mas, todos consideram isso normal. Daí, é só chegar as campanhas eleitorais e nós estamos lá “embaixo” do palanque, aplaudindo este mesmo cidadão ladrão. E a sociedade toda o respeita, venera e admira. Ele compra todos. Isso é demais e mostra o quanto somos acomodados e alheios à nossa realidade e o quanto nos corrompemos também.

Mas a realidade é cara e se apresenta aos nossos olhos para ser comprada, todos os dias. E se mostra da sua forma mais dura e cruel.

Meninos abandonados e unidos, nos sinais de trânsito das grandes cidades ou nos pátios tortos das praças mortas, tão pequenos e maltrapilhos que nem gente parece, tendo sacos de cola como alimento e roubando, roubando o que a sociedade lhe roubou: a dignidade, a inclusão, a família.

O tráfico aliciando crianças e jovens, homens e mulheres e matando inescrupulosamente e desgovernadamente quem não aderir ou se calar ao seu poderio, tendo o estado como principal financiador.

As nossas meninas, a cada dia, mais novas, expostas e jogadas nos campos de prostituição, vendendo o corpo e a alma, vendendo os seus sonhos de menina e perdendo a sua aura de anjo.

As famílias enclausuradas pelas cercas físicas e cercas do medo, assustadas e angustiadas por aqueles que o estado não acolheu e que a evolução lhes negou oportunidades.

Pais de família começando a roubar, atirados ao submundo pela necessidade. Daí, para o crime pelo crime é só a distância entre a fome e a necessidade de comer; entre a dignidade e o descaso.

As cidades inchando-se dia após dia de sonhadores em busca de dias melhores e que se transformarão, num futuro bem próximo, em um novo bando de miseráveis que arribaram do campo, tangidos pela miséria e pela fome, e que agora engrossam as estatísticas da miséria e da exclusão nos leitos aflitos e imundos das formidáveis favelas.

Enquanto isso, o outro lado do mundo se movimenta; a outra face da moeda mostra a sua cara sinistra.
Seus jatinhos e carrões, mansões e paraísos fiscais, piscinas e restaurantes, bebidas e mulheres. Éh! Mulheres são mercadorias, adquiridas para a sua satisfação e depois descartadas, valendo menos que casca de banana que, por sua vez, ainda aduba a terra. As mulheres, descartadas, já não mais vivem, vegetam, relegadas à impureza e ao assalto da sua alma e do seu corpo.

É triste, mas é assim. Essa é a nossa realidade. E o pior. Nós entendemos tudo isso como normal. Esses caras, os da política, legislam em causa própria.

Vejam o nosso congresso nacional, que mistura! Lá tem representantes de todos os segmentos que se dizem organizados do nosso país. Só não tem, de verdade, representantes do povo, do povão mesmo, da massa. Defendem somente os seus próprios interesses e não os interesses do povo. E ainda votamos e os elegemos, para nos roubar.

Mas, coitados de nós. Somos pobres e fracos; alienados e subordinados; usados e subornados; interesseiros e imediatistas; sem consciência política e, hipócritas. Só me resta dizer: Que país é este! E deixar que o silêncio, a impotência, a parcimônia, a insensatez, o imediatismo, o comodismo, a omissão e a degradação humana falem por todos nós.

Sentarmos-nos na esfera do tempo e deixar que o cortejo das horas nos leve ao outro lado do sonho, onde a realidade já foi subjugada e a vida, sozinha e única e despida de toda podre e pobre matéria, viva, esplêndida e celestialmente, para todo o sempre.

E que Deus perdoe os nossos pecados e nos conduza à vida eterna.
Amém!

Roberval Paulo

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O MAIOR SONHO DO MUNDO

Queria por pelo menos uma vez poder nascer sem sentir a temível e tão amável, a dor afável, a dor do parto. Não eu mas, a minha mãe que, de tanta dor, quase que eu não pari. E queria ainda, depois de parido, não ser erguido, suspendido pelos pés, de ponta cabeça para o lado, o outro lado, o lado de baixo da vida.

Contentaria-me ser só elevado ao colo e seio de minha mãe e embriagar-me, deleitando-me do sublime e purificado leite da existência sem por ele nada pagar que leite de mãe é dado de graça, doado só pelo dom e natureza de amar.

Aí, queria poder crescer sem saber de verdura ou de outros tais ingredientes ou de quem inventou que chocolate faz mal. E em frente crescendo sem nunca saber de colégio ou de escola às seis da manhã.

E quando enfim chegasse o dia de ter a primeira namorada, que ela não fosse a primeira e sim aquela depois da última que sonhasse comigo o mesmo sonho que sonhei um dia com a primeira que não soube seu o meu último sonho.

E quando os meus pais perdessem a magia do amor existente que os levou ao altar, que ele se renovasse sem a doída dor da separação e que o amor de meus pais natural e normal continuasse na família que fomos antes de matarmos o amor em nós.

E quando enfim se apresentasse o dia de eu me casar, que o amor de meus pais quando houve a união habitasse em mim e em minha amada que não fosse a primeira nem a última namorada e somente sim, a forma do amor continuado no continuar premente da vida cortada e interrompida pelo sonho do amor desorbitado no acontecer da existência eternizada.

E que meus filhos não fossem meus e sim só meus e do meu amor e que nunca soubessem do amor que não fosse o amor do eterno e que assim amassem e amassem sem conta o amor aquele sem dor e então não sentissem a dor cruel da real realidade que os faz ouro meu sem tê-los propriedade.

E que o mundo tivesse um lugar mundo infantil quando chegasse a melhor idade e não houvesse abandono e nem desenganos e não se sentisse a horrível sensação da inutilidade quando a página virasse e começasse a descida e que esta descida continuasse subindo sem se explicar, só indo, preservando o mistério, o segredo, o elo reverso que une dois mundos e que a partida fosse a mesma alegria de quando é chegado, que eu não me sinta cansado e nem fraco e nem mirrado, me sinta viçoso, corado e formoso quando a verdade da vida visitar o meu peito e eu, satisfeito, viajando sorrindo tal qual o mesmo menino de quando aqui chegou e partindo no amor que me trouxe à vida, viajante de nuvem, última despedida e, do lado de lá, alegria e bonança, o sim da esperança habitando o verbo amar.

Um sonho que é só um sonho e pouco tem de real mas que, entre o bem e o mal vamos todos navegando e também vamos sonhando para amenizar as dores, as ilusões e os amores que fazem mágico o mistério do viver e mesmo assim sem saber, sem conhecer ou querer vamos vivendo e sonhando para o verbo renascer.

Roberval Paulo

SER

Quero o poder
de não me dobrar
ao poder do dinheiro.
Quero ter dinheiro
mais quero o poder
de ser o seu dono
e não o contrário.
Quero o poder,
de não ser egoísta,
de não pensar só em mim.
Quero o poder de tirar do caminho
o que me faz mal;
o que faz mal à sociedade
como um todo.
Quero o poder da igualdade,
quero partilhar;
partilhar idéias, sonhos,
desejos,
vontades;
partilhar o pão
alimento da vida;
partilhar meu sangue
se preciso for.
Quero ser gente; apenas gente.
Quero ser povo
e ser esperança.
Quero um sono tranqüilo
nas noites frias de inverno
e um cobertor de céu
para me aquecer.
Quero uma rede
pra me embalar
e fazer no balanço
o balanço da vida,
pra esfriar minha mente;
e refrescar meu corpo;
e aliviar meu peito;
e acalmar meus sonhos
em dias de calor.
Quero ser ponte para unir,
para ligar.
Me ligar com as cidades,
com os povos.
Me ligar com a terra,
com o velho
com o novo.
Me ligar com o mundo,
com as dores do mundo
com as coisas boas do mundo.
Me ligar com a vida
que é ligada à morte;
à morte do índio, da branco, do negro;
à morte do cão, do lobo, da ovelha;
à morte do justo; à morte do ímpio;
à morte igual do fraco e do forte.
E continuar a ligar;
me ligar com você,
me ligar comigo mesmo
e me ligar com DEUS.
E quero ser fonte,
a fonte incansável,
a correr sem parar,
sem se abater;
insaciável, a deslizar
pela encosta dos montes;
pelos vales do sol,
vales das sombras,
em sua corrida interminável;
levando em seu seio,
apenas água,
límpida água,
que lava tudo
que lava a terra
que lava o pecado
que sacia a sede,
a sede do mundo;
Que lava minh’alma
e a sua alma
e as nossas almas, e todas as almas
e nos faz um carinho
e nos leva daqui
a um lugar distante
mais perto dos céus
bem junto de “DEUS”.

Roberval Paulo