quarta-feira, 6 de outubro de 2010

ELEIÇÕES NO TOCANTINS

TRANSIÇÃO: A FACA DE DOIS "LEGUMES"

Qualquer processo de transição, em qualquer governo ou em qualquer outro segmento, é uma situação por demais delicada e melindrosa, que requer, de ambos os lados, além das ações de trâmites legais, muita, mas muita reflexão. De um lado, o grupo ou equipe que sai, deixando para trás as suas ações e realizações, seus acordos e desacordos, compromissos e outros compromissos "necessários", promessas cumpridas e não cumpridas, enfim, para trás todos os seus erros e acertos que não podem mais ser corrigidos nem usufluídos. Ficarão para trás e vai ser objeto de estudo, de análise e de interpretação de outro. Do outro lado, o grupo ou equipe que vai assumir um processo que não sabe como está e que precisa colher o maior número de informações possíveis durante o período de transição sobre a real situação do sistema para poder se situar e se posicionar no momento de assumir.

Quando essa transição se dá de forma pacífica, amigável e harmônica, o entendimento se dá da mesma forma e quem sai e quem entra se abraçam, se entendem e selam o cordial acordo de que tudo seguro e você me avaliza. Ah! Quando assim acontece, tudo está em casa; tudo se converte na mais perfeita e “acordada” paz. A vida segue e tudo se encaixa como certo e correto.

Agora, quando essa transição se dá com litígio, daquele modelo que a parte minha não estou levando e o que vou herdar está subtraído, aí a coisa pega. O desentendimento é geral e a contenda prosseguirá até pós o encerramento de um e o início do outro. É defesa e ataque o tempo todo. É processo de auditoria, é deixou de fazer isso, errou ao fazer aquilo, estou saindo com a consciência tranqüila, estou entregando a situação normalizada e assim por diante.

De modo geral, os interesses de um a outro lado são priorizados e o que aconteceu de fato é o que menos importa. O que importa é cada um tirar a vantagem que for possível nesse processo de transição e esmiuçar em seu curriculum para ser utilizado nos próximos embates. Essa é uma realidade latente em nosso país, principalmente nas transições político-administrativas.

É chegado o momento de mais uma transição política no nosso querido estado do Tocantins. O povo, mais uma vez, foi soberano e fez valer a sua vontade. Elegeu Siqueira Campos para o governo, o qual realizará o seu quarto mandato como comandante maior do estado, em detrimento do atual governador, Carlos Gaguim, que viu seu castelo de sonhos e de areia se desmoronar nas mãos sábias e soberanas do povo. Fica um legado. Que o povo, acima de tudo, seja respeitado na sua decisão. Que os nossos políticos se sensibilizem e se situem dentro da atual situação e que esta transição que ora se afigura possa acontecer da forma mais pacífica e harmônica possível. Que não causem mais prejuízos ao povo do que o próprio embate político já causou, cicatrizes estas que ainda vamos carregar por bastante tempo. A eleição passou e, com ela, a disputa do poder. O que existe hoje é a consolidação do processo. Certo ou errado, foi a decisão da maioria, o que mostra e reafirma a concretização do exercício da democracia.

Como versa no artigo 1º da nossa carta maior, parágrafo único, em outras palavras, todo poder emana do povo e em seu nome será exercido. Que realmente, em nosso Tocantins, o poder seja exercido em nome da decisão soberana do povo. Que a procuração dada por nós, povo, ao Governador ora eleito seja utilizada para a realização e prática de ações em proveito deste mesmo povo. Que essa transição que já se avizinhou, respeitando o interstício de cidadania e soberania entregue à população, possa transcorrer dentro da mais primorosa ordem e paz, não se transformando esta em uma faca de dois legumes em que cada um dos lados come o seu e ao povo a sobra, o bagaço, o resto, o nada. Que a nossa procuração cumpra o seu fim e referende-se “Ad eternum”.

Roberval Paulo

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