E olha o céu
E dói o estômago
E escuta o choro
O choro da fome
E vê, vê a fome
Retratada no filho
Um ente inocente
Da fome
Sua face escaveirada
Devorando a todos
Animal e vegetal
E gente
Animal ainda humano
Inumano
E a outra face
O contraste
Desumano
Latifundiários
E governo
Seus carrões
Seu rico dinheiro
Sua sala de cores
Suas vestes de seda
Sua mesa farta
Seu vinho, champagne
Comprados
A dinheiro
O dinheiro
Da fome
O voto da fome
O trabalho da fome
A mão de obra
Da fome
Desnutrida e barata
E olha o Céu
E arrota caviar
E escuta um choro
Pra Internet usar
E olha o Céu
E dói o estômago
E escuta o choro
O choro da fome
De novo, o contraste
Um show, belas artes
Somenos à parte
Um choro abastado
E lá, o cenário
É real, é pesado
Nas lágrimas do homem
O filho enterrado
E olha o Céu
E olha-se o Céu
E água abundante
Da terra irrigada
E olha o Céu
E olha-se o Céu
E nenhuma nuvem
E nada de água
E o rico
Cada vez mais rico
E o pobre, cada vez
Mais miserável
E o sertão, cada vez
Mais
seco
E
esquecido
E também seu povo
Principalmente seu povo
Cada
vez mais povo
Cada
vez mais gente.
Roberval Silva
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