Passa
por mim o vento com açoites
No
meu ser;
É
o único a me sorrir ao me despir por inteiro
Me
despir dos sonhos que ora já não mais sonho
Da
luz que não mais clareia
O
meu andar peregrino.
Passa
por mim o verde que um dia foi esperança
Uma
esperança morta que se fez viva de dor
Da
dor de não poder nem mesmo sentir dor
Da
dor de não doer o sacrossanto mistério do amor
A
lâmina fina que talha o íntimo da alma
A
alma indolor.
Passa
por mim o sonho
A
insônia da surrealidade
Meu
espírito ardendo em febre
Meus
dias corroídos pela dor social
Pela
sede insaciável
Pelo
ser desvirtuado
Pelo
ter exacerbado
Pelo
azeite intragável
Pela
luz que já pagou o seu doce brilho frágil.
Passa
por mim a vida
Passa
por mim o seguir
Passa
por mim o partir
Que
a morte não que nem saber de ti.
Roberval Silva
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