quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

FILHO DO VENTO - Roberval Silva


Não há o que nos espera 
que não seja o anoitecer
O anoitecer que escurece 
o sonho que não se fez
Um anoitecer de morte 
que o calor da vida esfria

Eu sou refém da poesia

Não quero ser este fim 
em mim plantado na pele
Na matéria que de terra 
é o fim e seu começo
Ser clandestino no berço, 
cada vivente em seu tempo
Sou eu o filho do vento, 
só termino com a manhã

E se a manhã começa, 
sou eu também o começo
A origem que do fim, 
foi em mim que iniciou
A Fênix, que ao morrer, 
nem sabia ser eterna
A onda que transportava 
o mar do meu desamor

Fui a roda e rodando, 
rodei o meu existir
Na direção de um verso 
que eu sabia ser reverso
O verbo que só em si 
é começo e fim eternos
Sou eu o clarão da vida. 
Sou eu o lobo de mim.


Roberval Silva

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