quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

O ESTOURO - Roberval Silva


O estouro de uma boiada
Coisa que ninguém entende
Do nada te surpreende
E sai tudo em disparada
Do nada fazem parada
E volta tudo ao normal
Caminhando tudo igual
Parecem até uns anjinhos
Tudo emparelhadinho
Mas deixa um estrago real

Deslocando passo a passo
Seguindo no passo lento
Se butar no enquadramento
Dá medida de compasso
Basta um pequeno mormaço
Já levantam a cabeça
Caso isso aconteça
Se prepare para o estalo
Principiou o disparo
É grande o quebra-cabeça

São tão passivos os bichinhos
Seguem pastando contentes
Se vão subservientes
Pelas trilhas do caminho
Uma juriti sai do ninho
O anum dá seu piado
Um graveto espedaçado
Anúncio do alvoroço
Vira um angu de caroço
De cascos em burburinho

Lá vai andando a boiada
Feito cobra rastejando
Lentamente vão pastando
Na paisagem estiada
Uma baladeira armada
A pedra parte certeira
Um menino lá da feira
Botou a feira em perigo
Parece até um castigo
Na feira tudo é carreira

Do jeito que começaram
Pararam sem ter por que
Nem cansaram de correr
Ao passo lento voltaram
O estrago que causaram
É prejuízo medonho
Na venda de seu Totonho
Não ficou um item em pé
Dona Mercês diz, pois é
Eita vaqueiro bisonho!


Roberval Silva

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